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Observando Júpiter

Figura 1: Júpiter e um de seus satélites fotografado pelo autor com o telescópio de 12 polegadas do Observatório OAGLL.

Júpiter é o gigante do nosso sistema solar e se apresenta no céu como um objeto muito brilhante só perdendo em brilho, no céu noturno, para a Lua, Vênus e às vezes para o planeta Marte.  A vista desarmada ele se assemelha a uma estrela de cor amarelada e de magnitude -2. Sua identificação é fácil e não dá para confundi-lo com as estrelas, pois este brilha mais que elas e não mostra cintilação em seu brilho. Distante da Terra entre 590 a 955 milhões de quilômetros (780 milhões de km em média) apresenta, apesar de gigante, um diâmetro angular máximo de 50 segundos de arco.

Para ter uma boa visão de júpiter é necessário o uso de um telescópio de no mínimo 60 mm de abertura. Visto com um binóculo de sete aumentos por 50 mm de abertura (7×50) não conseguimos, devido às aberrações ópticas produzidas por este instrumento, ver o seu disco planetário vendo apenas uma mancha de luz.  Contudo esse instrumento consegue mostrar, em condições boas, os quatro satélites galileanos (Io, Europa, Calisto e Ganimedes)  como quatro pequenas estrelas próximas e alinhadas na direção da eclíptica. O aspecto da visão de júpiter por meio de binóculo é mostrado na figura 2.

Figura 2: Visão binocular (7×50) de júpiter.

Utilizando um pequeno refrator de 60 mm com vinte ou trinta aumentos já é possível visualizar de forma clara o disco planetário de Júpiter, o qual é mostrado em cor amarelada e ovalado. O achatamento de Júpiter fica bem evidenciado devido as diferenças de seus diâmetros equatorial (142 800 km) e polar (134 200 km). Com um período sideral de 11,86 anos, Júpiter é quase 11 vezes maior que a Terra e tem cerca de 318 vezes a massa terrestre.  Usando de 80 a 100 aumentos com pequenos telescópios de 60 mm ou 70 mm de abertura já é possível ver sobre o disco planetário quatro faixas paralelas ao seu equador. Estas são as faixas tropicais e temperadas norte e sul. É possível notar também as calotas polares que possuem cores uniformes entre o cinza e o amarelo, veja a figura 3.

O que conseguimos observar de Júpiter é a sua alta atmosfera. Segundo o Astrônomo Ronaldo Mourão “Um dos modelos mais conhecidos de Júpiter supõe que a uma profundidade de 100 km na atmosfera, o hidrogênio se apresenta líquido até 46 000 km do centro. Neste nível a pressão deve atingir 3 milhões de atmosferas e a temperatura de 11 000 Kelvins. Nestas condições, o hidrogênio, além de líquido, torna-se um condutor elétrico, como qualquer metal, daí a denominação de hidrogênio metálico.”

Figura 3: Aspecto aproximado do disco planetário de júpiter visto com 100 aumentos num pequeno telescópio.

Com instrumentos de maiores abertura, a partir de 80 mm, é possível visualizar mais faixas e ver também a famosa Mancha Vermelha (veja figura 4) conhecida também como o grande olho de júpiter. Essa estrutura que possui 45 000 km de comprimento e 13 000 km de largura, é uma gigantesca formação ciclônica de mais de 300 anos, situada a 22 graus de latitude sul. Ela foi descoberta por R. Hooke em 1664. Grandes contribuições sobre essa estrutura foram dadas por astrônomos amadores de diversas épocas os quais registraram mudanças em sua tonalidade bem como seus movimentos longitudinais.

Figura 4: A grande mancha vermelha fotografada pelo autor com um telescópio Maksutov de 127 mm de abertura.

É possível também acompanhar a rotação de Júpiter que dura cerca de 9 horas e 50 minutos.  Como Júpiter gira como um corpo fluídico a rotação das zonas temperadas acabam sendo um pouco mais lentas, em torno de 9 horas e 56 minutos. O eixo de rotação de Júpiter tem uma leve inclinação de 3o 7’ com relação ao seu plano orbital. Esta inclinação faz com que o planeta praticamente não tenha estações do ano. A Grande Mancha Vermelha e outros acidentes finos de Júpiter, se bem visualizados, podem ser utilizados como uma referências para o acompanhamento da rotação de Júpiter.  As zonas de Júpiter estão esquematizadas na figura 5.

Figura 5: Esquema das zonas e faixas do planeta Júpiter.

Outro fenômeno interessante que é possível acompanhar em Júpiter é o trânsito de seus satélites Galileanos. O trânsito dos satélites consiste na passagem dos mesmos em frete ao disco planetário. Na figura 6 vemos um exemplo do trânsito de um satélite e a sombra do mesmo projetada sobre o disco planetário. Segundo a Wikipedia, Júpiter possui 79 satélites confirmados, mas só conseguiremos obeservar, com instrumentos amadores, o transito dos satélites galileanos. Na observação dos transitos é importante destacar o tempo em que ele ocorre e elaborar um esboço daquilo que se vê.

Figura 6: Fotografia de um trânsito de um dos satélites de Júpiter. Imagem realizada pelo astrônomo David Billington.

Para a observação dos discos dos satélites galileanos de Júpiter é necessário um instrumento de pelo menos 150 mm de abertura. A observação dos eclipses dos satelites galileanos, outro tema interessante para o astrônomo amador, permitiram a Romer, no ano de 1675, a determinação da velocidade da luz.

Então, vamos observar Júpiter?

 

Referências:

MOURÃO, R. de F. Manual do Astronomo. 3a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.

NICOLINI, J. Manual do Astrônomo Amador. 3ª edição. Campinas: Editora Papirus, 2000.

Astronomia Prática Atlas do Céu. Ed. Rio Gráfica.

Wikipédia.